sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Esqueci do título





   Mariana era romântica e sozinha. Tinha cabelos longos, uma franjinha tímida e gostava de cores claras. Sua amiga, Rosa, era totalmente diferente. Tinha cabelos curtos, era mais simpática e gostava de cores escuras - e tinha um namorado. Mariana até procurava um também - em silêncio, mas procurava. Sentia uma certa inveja da amiga, porque, aparentemente, era feliz com o namoro.
   Apesar das diferenças, elas sempre se deram bem. Rosa escrevia, Mariana lia - qualquer tipo de assunto.
   Mas, como costumam dizer, nem tudo o que parece é o que acontece. Rosa terminou o namoro. 
   Em mais uma tarde de domingo, Mariana estava na casa de Rosa, jogando papo fora. Para relembrar o passado, Mariana pegou o caderno azul de Rosa e releu seus contos. Um deles lhe chamou mais atenção:


   Eu brigo com ele por causa da tampa do vaso levantada - das gotas de urinas deixadas no acento -, da chinela no meio da casa, da televisão alta demais, da barba mal feita. Mas quando estamos nos beijando na cama, nem ligo da toalha molhada deixada ali.


   Mariana sorri e fecha o caderno. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Meus defeitos




   As pessoas me dizem que meu sinal no olho é feio, que meus olhos são pequenos, que minha franja é torta, que minhas roupas são feias, que eu deveria ser mais simpática, que deveria me expressar melhor, que eu pareço um garotinho, que eu deveria parar de fazer careta, que eu sou muito preguiçosa...
   Eu me sinto mal com isso. Não pelo fato de ser rodeada de defeitos - afinal, todo mundo tem defeitos -, mas sim por não ser suficientemente boa. Talvez se eu me livrasse deles, eu poderia ser aceitada como eu sou. 
   Mas não seria eu. Nunca seria eu, porra.


   Cuidado com o que você cospe da sua boca.