sábado, 7 de dezembro de 2013

Domingo de sol





   Em um domingo ensolarado, com café frio e o jornal lido, me deito no chão da varanda, fecho meus olhos e deixo o vento sussurrar em meus ouvidos. De repente, tenho a impressão de estar vivendo um só dia. Como se não estivesse experimentando novos ares, culturas ou até lições - podiam até ser através de ilusões que eu não me importaria. 

   Senti um nó na garganta, como se já estivesse repetindo sempre as mesmas palavras, para as mesmas pessoas, nas mesmas ocasiões. Senti minha mente processar todos os repentinos momentos e nada produtivo gerado. Parecia totalmente desnecessário. Tempo desperdiçado. 
   Por um breve momento pareci não dá importância justificando tal pensamento como imaturo e pura idiotice. Foi quando senti um calafrio. Os castelos de areia, derrotados pela água na maioria das vezes, e o próprio vento quase sempre me deixavam com coceira na pele e muitos calafrios. Calafrios, que também eram gerados pela água salgada do mar, eram logo substituídos pela felicidade de comer caranguejo com a família. Esse era o meu domingo. 
   Abro os olhos. Uma varanda vazia, um jornal espalhado, a caneca do lado e um domingo ensolarado. Meu lábio puxa um sorriso esquerdo e contagia logo em seguida meu rosto. 
   Pensei com meus botões: eu ainda sou quem era antes. Ainda tenho vontade de deitar na areia, fazer um castelo, me irritar depois porque não consegui terminá-lo, correr para o mar, ter calafrios e comer caranguejo. 
   Nada muda, só o tempo. Eu envelheço, tenho uma rotina e acabo esquecendo de mim mesma. Os momentos simples na infância, tornam-se inesquecíveis no resto da vida. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Confusão



   Ruas amarelas,
   céu banhado de estrelas,
   uma brisa gelada
   e a dor acumulada.

   Tanto quis esquecer,
   para não deixar transparecer.
   Tento viver com as lições
   que aprendi com muitos corações.

   Afogo-me na multidão
   e encontro um refúgio.
   A cidade da confusão,
   agora ganha uma paixão. 
   

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

As ondas




   Quando fecho meus olhos,
   o azul dos mares me afoga
   em um mundo sem volta.

   A angústia que me dominava  
   foi quebrada no mar
   que antes me desanimava.

   E a realidade que deixei
   foi banhada pelas ondas
   que agora me apeguei. 

 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Tentar sem desistir




   De tanto tentar,
   desistiu sem ver resultados.
   E, de tanto falar, 
   calou-se ao ver muitos retalhos.

   Pra curar da dor,
   improvisou muitos curativos,
   mas nada adiantou.
   Resolveu se camuflar 
   na multidão que sempre se afogou.

   E, no fim, percebeu
   que seu lugar sempre foi ali.
   Nos braços de alguém
   que sempre se lembrou de ti.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

É assim




   A barba é proporcional a sua simpatia,
   as olheiras denunciam a insônia
   e é assim que meu amor se cria.

   Quando ele visita meu prédio,
   sempre deixa seu cheiro na cama.
   É assim que aumenta nossa chama.

   E de uma hora pra outra, a gente tropeça,
   mas dias depois ele me visita.
   A gente deita no chão e fica.
   E é assim que a gente se cultiva.

sábado, 31 de agosto de 2013

A menina que rima





   Uma simples amante de mar

   que já sofreu muito em vez de amar. 
   Ela diz gostar de sonhar
   e sempre procura como realizar.

   Uma vez atravessou o país
   atrás de um amor.
   Mas deu tudo errado 
   e acabou se entregando pra dor.

   Resolveu rimar o que sentia
   e, pra sua surpresa, a faz bem. 
   Hoje, ela deixa um sorriso estampado nos lábios
   e a dor fica de lado. 

domingo, 11 de agosto de 2013

Deixa pra lá





   Tenho rascunhos por toda a casa
   e dificilmente consigo terminar um.
   Talvez um pouco de café
   e eu acrescente vida em algum.

   Uma vez, perdi a hora.
   E do nada tive vontade de comer torta.
   Apenas um dia, eu queria que fosse diferente, 
   que a vida me desse um presente.

   Há pessoas que me acham estranha,
   que tentam me maltratar. 
   Eu só levo a vida como inspiração.
   Nada mais a declarar. 

domingo, 7 de julho de 2013

Livros





   A gente devora como comida, acha engraçado como um show de humor, chora como uma decepção amorosa e acha injusto como a vida. Trata como amigo, se assusta como um filme de terror e ainda ama como um simples amor.    

domingo, 30 de junho de 2013

Eu queria...



Eu queria sentir esse arzinho frio, que bate em meu corpo denunciando o meu prazer. E junto dele, ouvir aquela música que me faz cantar. Cantar tão doce que nem existiriam as preocupações. Eu queria pintar meu quarto de roxo e na parede pendurar um "apanhador de sonhos ruins". Sabe, daqueles que te prometem destruir os pesadelos...?! Eu queria pegar a minha bicicleta e pedalar pela cidade mas sem me cansar. Iria conhecer todos os lugares só pra matar a curiosidade. Eu queria abraçar a liberdade de não precisar estar em tal local e em tal horário. Eu queria sentir vontade de ver televisão que nem quando eu era criança. E até queria aprontar tudo de novo só pra levar bronca da minha mãe e me esconder na rede da minha avó. Queria pendurar as luzinhas de natal na grande janela da varanda e, ali mesmo, regar as plantas num fim de tarde sem calor. Queria curtir aquela sensação de dormir cedo porque no dia seguinte era primeiro dia de aula. Eu queria sentar na calçada e olhar a lua desejando ser uma astronauta. E queria ir para a aula de matemática do dia seguinte para frustrar-me com aqueles cálculos que não eram nem o primeiro passo pra se chegar à lua. Eu queria fazer coisas que não poderia, e queria sentir que as conseguiria fazer. Eu faria tudo outra vez e faria tudo o que não fiz. Só pra poder dizer que eu fiz o que eu queria.


SOUSA, L.(Recanto das Letras). 2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

Saí sem rumo





   Sem saco para a sociedade,
   peguei meu carro
   e fui atrás de liberdade.

   Resolvi tirar férias da hipocrisia
   e ter tempo só pra mim.
   Nada mais eu precisaria.

   Dirigi quilômetros
   e nem me importei.
   Eu só queria sentir o vento
   e ser feliz outra vez. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Casa de Flores





   Na minha rua, havia uma casa que transbordava amor. Atrás do muro - que era baixo e com grades - tinha um jardim repleto de rosas vermelhas e outras flores coloridas, acompanhados de um casal de idosos que moravam ali. Eu costumava chamá-la de "A Casa de Flores" - mas eu guardava isso só pra mim.

   Não importava como tinha sido meu dia. Domingos de manhã, indo para o clube com a família; sábados à noite brincando de boneca na calçada de casa; madrugadas de tristeza... Passando por ela, tudo mudava.
   Sempre me perguntaram o porquê dos sorrisos largos depois que passava pela casa. Eu realmente nunca consegui explicar, parecendo, muitas vezes, até idiotice. Talvez fossem as flores, dando um ar de simplicidade e beleza, ou o casal de idosos, dando esperança e amor, ou até mesmo os peixes com o aquário colorido que se encontravam dentro da casa, dando mais um motivo de sorrir.
   Infelizmente não moro mais nessa rua e minhas visitas por lá diminuíram - apesar da minha família e uma grande amiga (quase irmã) continuarem ali, desfrutando daquela bela casa como visita.
   Na última vez que fui, as rosas foram cortadas e a casa ficou mais movimentada - talvez fossem apenas visitas ou outras pessoas morando ali -, o que deixou um desanimo no ar. Mesmo assim, ela arrancou sorrisos, relembrando o passado e os vários momentos que passei ali.
   E por fim, consegui fazer uma comparação: a infância é repleta de olhares simples, interpretações e detalhes inocentes; o tempo e a vida modifica tudo, mas ainda resta os mesmos costumes, os mesmos motivos para sorrir. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Things in life




   Já fugi de casa, 
   esfriei a cabeça na rua
   e dancei na chuva.

   Dormi demais, 
   perdi a hora
   e fui embora.

   Briguei por ciúme, 
   chorei de amor
   e senti calor.

   Tive sorte,
   desviei da morte
   e hoje sou forte!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Flor e amor

   



   Tão forte quanto o sol,
   tão doce quanto a primavera
   e tão solitário quanto a chuva.

   Eu até rimaria,
   mas teria que haver amor.
   Eu não gosto dele,
   mas ainda guardo sua flor.

   Alguns dizem que é rancor,
   outros afirmam ser dor,
   mas eu nem ligo.
   A flor não faz sentido.

   Um dia ela vai murchar
   e tudo isso será esquecido. 
   Enquanto eu ainda amar,
   tudo estará perdido.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Banho de mar





   O mar engole meu corpo, me banha delicadamente, prende meu choro e consola minha paixão.
   Brinca com meu cabelo, beija meu rosto, encoraja minhas decisões e prende minha respiração.
   Pega minhas mãos, rasga a dor, respira na minha nuca e sente os batimentos do meu coração.
   Às vezes ele briga com o vento e discute a relação com a areia, mas ainda toma cuidado porque estou ali, pra não virar confusão.
   

  E ainda me perguntam o porquê de gostar tanto do mar.... 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Smile



   
   Pra quem tem que enfrentar dia de corrida
   ou até mesmo quem esqueceu da vida.
   
   Para um segundo, olha em volta.
   Não diga que sempre será uma derrota.
   
   Eu até tentaria te fazer sorrir, 
   mas acontece que sou desastrada.
   Tenta não me fazer rir
   quando o assunto é sério, fico frustada. 

   Eu até pegaria sua mão
   e falaria sobre amor.
   Mas eu sempre ignoro nossa canção  
   e acabo me entregando a dor.

   Então sorria,
   ria 
   e me faça parte de sua alegria.
   
   
   

quarta-feira, 27 de março de 2013

Fui ser feliz e não volto




Em um momento de solidão, pedi ajuda ao mar.
Encontrei-o beijando a areia 
e acabei deixando pra lá.

Em um momento de tristeza, pedi ajuda a lua.
Encontrei-a rindo com as estrelas 
e saí na rua.

Em um momento de raiva, pedi ajuda ao sol.
Encontrei-o abraçando as nuvens
e fui me envolver no lençol. 

Pensei, chorei e até cantei.
Fui ser feliz, passando por cima dos buracos.
E no final, aprendi muito com a vida e seus obstáculos. 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Poesia

  


   Não importa a linguagem difícil
   e sim o que se passa.
   Ao contrário, não terá a menor graça.
   Não sei pra você, mas ela me abraça.
   Me acalma e cria esperança.
   
   Liberta o que te prende 
   e fala o que você sente.
   
   Quem dera escrever uma de amor
   e poder livrar da dor.
   Falar do passado, presente e futuro.
   Além de como deveria ser o mundo.
     
Feliz Dia Nacional Da Poesia  
   
    
   
   

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Final de semana

Foto de Melina Souza


   - Tá fazendo o que em pé? Senta, sabe que já é de casa. 
   Sentei em sua cama macia, timidamente, e ela sentou ao meu lado. Seus cabelos estavam caídos sobre o ombro nu, em seus olhos, várias camadas de rímel e no seu pé, a cor do esmalte vermelho. Ela me olhava curiosa, com um sorriso pequeno, esperando que as minhas palavras saltassem até seus ouvidos com entusiasmo e esperança. 
   - Não posso contar, sinto muito - respondi.
   - Mas por quê? Não somos melhores amigas? Vamos, pode ir falando - ela pegou sua tartaruga verde e colocou na sua barriga, apertando-a, esperando sobre o que aconteceu no final de semana.
   - Claro que somos, mas me pediram segredo.
   - Como assim? Vamos, fale, sem segredos.
   - Tudo bem. - suspirei - Bom, conheci um cara bem legal, inteligente... - Carolina já estava com um sorriso em seus lábios e empolgada -, mas ele era diferente de todos os que já conheci. Ele era muito misterioso, tinha algum segredo. Em pouquíssimo tempo, fomos nos envolvendo, e ele resolveu compartilhar seu segredo. Ele era um agente da C.I.A e estava procurando um fugitivo de Nova Iorque que havia deixado pistas. Tudo indicava que ele estava ali, no mesmo acampamento que nós e...
   - Para. Acha mesmo que vou acreditar nisso? Me conte a verdade, AGORA.
   - Tá. - baixei minha cabeça, derrotada - Eu me apaixonei. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Carnaval





   Na praia é assim: paredão de som, bebida pra todo lado e muita pegação. Desde pequena não gostava desse feriado. Preferia me jogar no sofá - claro, de pijama e com pantufas de macaco - e colocar meus desenhos no vídeo-cassete, já que a programação da televisão era tomada pelos desfiles das escolas de samba.

   Nesse carnaval não foi diferente: neguei todos os convites de amigos e familiares. Resolvi então passar na casa da vovó. Fazia tempo que eu não me entregava aos móveis velhos de madeira, a tarde com cheiro de comida e costura e as suas velhas histórias.
   Decidimos passar o final de semana em casa e na semana "bater perna". Fomos ao centro na segunda, porém o encontramos vazio. Não desanimamos. Passando pela Praça do Ferreira, ela apontava para os prédios antigos e contava sobre a presença deles em suas histórias.
   Naquele onde havia uma loja de móveis, um namorado "magro e moreno, com olhos dourados e um sorriso simpático - com belos dentes brancos". Naquela farmácia, um incêndio "nem tão assustador, mas as chamas eram tão negras quanto aquele banco. Mas logo eram apagadas pelo belo bombeiro alto e moreno".
   Eu gosto de estar com ela, gosto de ouvir suas histórias. Por breves instantes, me imaginei contando minhas histórias às minhas netas. Obrigada pela paciência e pelo carnaval maravilhoso, vó.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Hoje resolvi falar de amor





   Deixe-me voar
   para mais perto do seu lar,
   porém não me engane, 
   mesmo se for magoar.

   Vamos pegar uma brisa na beira mar
   e besteiras planejar.
   Não se importe com o tempo
   e deixe tudo pra lá.


Ps.:  Acho que essa foi a primeira postagem de amor.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Mudança




   Reveja seus princípios, 
   leia mais livros,
   sorria para o seu problema
   e veja o mundo mudar de dilema.



   Não adianta baixar uma música e perdê-la entre as outras; Comprou um livro? Prepara o café, senta na varanda e devora; Cortou o cabelo? Cuida e não liga para a opinião alheia; Anda com raiva? Se acalma com àquela música de melodia bonita e sai com os amigos; Não sabe o que fazer no final de semana? Pega um cinema e vai atrás de mais cultura; Tá triste? Limpa essas lágrimas e vai viver, jogando tudo no passado.



Feliz 2013 - atrasado.