domingo, 30 de junho de 2013

Eu queria...



Eu queria sentir esse arzinho frio, que bate em meu corpo denunciando o meu prazer. E junto dele, ouvir aquela música que me faz cantar. Cantar tão doce que nem existiriam as preocupações. Eu queria pintar meu quarto de roxo e na parede pendurar um "apanhador de sonhos ruins". Sabe, daqueles que te prometem destruir os pesadelos...?! Eu queria pegar a minha bicicleta e pedalar pela cidade mas sem me cansar. Iria conhecer todos os lugares só pra matar a curiosidade. Eu queria abraçar a liberdade de não precisar estar em tal local e em tal horário. Eu queria sentir vontade de ver televisão que nem quando eu era criança. E até queria aprontar tudo de novo só pra levar bronca da minha mãe e me esconder na rede da minha avó. Queria pendurar as luzinhas de natal na grande janela da varanda e, ali mesmo, regar as plantas num fim de tarde sem calor. Queria curtir aquela sensação de dormir cedo porque no dia seguinte era primeiro dia de aula. Eu queria sentar na calçada e olhar a lua desejando ser uma astronauta. E queria ir para a aula de matemática do dia seguinte para frustrar-me com aqueles cálculos que não eram nem o primeiro passo pra se chegar à lua. Eu queria fazer coisas que não poderia, e queria sentir que as conseguiria fazer. Eu faria tudo outra vez e faria tudo o que não fiz. Só pra poder dizer que eu fiz o que eu queria.


SOUSA, L.(Recanto das Letras). 2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

Saí sem rumo





   Sem saco para a sociedade,
   peguei meu carro
   e fui atrás de liberdade.

   Resolvi tirar férias da hipocrisia
   e ter tempo só pra mim.
   Nada mais eu precisaria.

   Dirigi quilômetros
   e nem me importei.
   Eu só queria sentir o vento
   e ser feliz outra vez. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Casa de Flores





   Na minha rua, havia uma casa que transbordava amor. Atrás do muro - que era baixo e com grades - tinha um jardim repleto de rosas vermelhas e outras flores coloridas, acompanhados de um casal de idosos que moravam ali. Eu costumava chamá-la de "A Casa de Flores" - mas eu guardava isso só pra mim.

   Não importava como tinha sido meu dia. Domingos de manhã, indo para o clube com a família; sábados à noite brincando de boneca na calçada de casa; madrugadas de tristeza... Passando por ela, tudo mudava.
   Sempre me perguntaram o porquê dos sorrisos largos depois que passava pela casa. Eu realmente nunca consegui explicar, parecendo, muitas vezes, até idiotice. Talvez fossem as flores, dando um ar de simplicidade e beleza, ou o casal de idosos, dando esperança e amor, ou até mesmo os peixes com o aquário colorido que se encontravam dentro da casa, dando mais um motivo de sorrir.
   Infelizmente não moro mais nessa rua e minhas visitas por lá diminuíram - apesar da minha família e uma grande amiga (quase irmã) continuarem ali, desfrutando daquela bela casa como visita.
   Na última vez que fui, as rosas foram cortadas e a casa ficou mais movimentada - talvez fossem apenas visitas ou outras pessoas morando ali -, o que deixou um desanimo no ar. Mesmo assim, ela arrancou sorrisos, relembrando o passado e os vários momentos que passei ali.
   E por fim, consegui fazer uma comparação: a infância é repleta de olhares simples, interpretações e detalhes inocentes; o tempo e a vida modifica tudo, mas ainda resta os mesmos costumes, os mesmos motivos para sorrir.