sábado, 7 de dezembro de 2013

Domingo de sol





   Em um domingo ensolarado, com café frio e o jornal lido, me deito no chão da varanda, fecho meus olhos e deixo o vento sussurrar em meus ouvidos. De repente, tenho a impressão de estar vivendo um só dia. Como se não estivesse experimentando novos ares, culturas ou até lições - podiam até ser através de ilusões que eu não me importaria. 

   Senti um nó na garganta, como se já estivesse repetindo sempre as mesmas palavras, para as mesmas pessoas, nas mesmas ocasiões. Senti minha mente processar todos os repentinos momentos e nada produtivo gerado. Parecia totalmente desnecessário. Tempo desperdiçado. 
   Por um breve momento pareci não dá importância justificando tal pensamento como imaturo e pura idiotice. Foi quando senti um calafrio. Os castelos de areia, derrotados pela água na maioria das vezes, e o próprio vento quase sempre me deixavam com coceira na pele e muitos calafrios. Calafrios, que também eram gerados pela água salgada do mar, eram logo substituídos pela felicidade de comer caranguejo com a família. Esse era o meu domingo. 
   Abro os olhos. Uma varanda vazia, um jornal espalhado, a caneca do lado e um domingo ensolarado. Meu lábio puxa um sorriso esquerdo e contagia logo em seguida meu rosto. 
   Pensei com meus botões: eu ainda sou quem era antes. Ainda tenho vontade de deitar na areia, fazer um castelo, me irritar depois porque não consegui terminá-lo, correr para o mar, ter calafrios e comer caranguejo. 
   Nada muda, só o tempo. Eu envelheço, tenho uma rotina e acabo esquecendo de mim mesma. Os momentos simples na infância, tornam-se inesquecíveis no resto da vida.