domingo, 1 de junho de 2014

Passou o dia




   Fui deitando no peito quente, aos poucos, ouvindo sua respiração pesada, vendo, do canto dos meus olhos, seu olhar fixo, analisando meus passos. Controlei a sede de beijar teus sonhos, levar-te aos meus segredos e mostrar-te meus planos de vida. Eu queria gravar cada segundo, indo com calma, observando os traços do teu corpo, admirando teu sorriso e escutando a musicalidade da tua voz. Ignorei suas mãos desenhando minhas costelas, o calor das tuas pernas sobre as minhas e os lençóis sobre nós.
   Nós não precisávamos falar pra conversar. Por todo esse tempo, eu, finalmente, consegui viver o presente, sem pensar no passado ou planejar o futuro. Nossa sincronia, tanto corpórea quanto emocional, era incrível. 
   Eu não sei quanto tempo ficamos assim. Só lembro de ter acordado no domingo, depois das doze. 
   



A espera o levou pra longe
De quem nunca esteve por perto
E para mais perto de quem sempre longe
Apenas o queria por perto...

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